Uma coisa que andei observando nos últimos dias foi o
comportamento de determinadas pessoas que vivem se fazendo passar por aquilo
que gostariam de ser, mas não são. Essas pessoas de quem irei tratar são os pseudointelectuais
(lembra da aula de biologia no colégio? Lembra dos pseudópodes, que a gente só
memorizava depois que a professora dizia que significava “falsos pés”? ).
Convivemos com muitos deles e às vezes é bem desagradável suportar algumas de
suas atitudes.
O que vem a ser o tal do pseudointelectual? Você não falou que lembrava das suas aulas de
biologia? Explicando novamente, pseudo é o prefixo de origem grega usado para
designar algo que é falso. Assim, pseudointelectual é aquele camarada que quer
dar de sabidão na frente da galera usando um vocabulário que não está ao
alcance de todos e citando frases que decorou da Wikipedia de algum lugar. É o
cara que quer ou pensa ser o detentor de todo o conhecimento e acredita nunca
estar errado. E o pior é que na maioria das vezes ele consegue se passar pela
pessoa mais inteligente da galáxia se você não souber reconhece-lo. Por isso
resolvi listar algumas características inerentes à maioria dos pseudointelectuais.
Obviamente você não vai chegar pra um cara no primeiro contato e dizer que ele
é um pseudointelectual. Isso é resultado de observações e vivência. Então vamos
lá.
1 – Necessidade de autoafirmação e aprovação
Isso é facilmente percebido quando você escuta dele uma
resposta para uma pergunta que não lhe foi destinada ou sequer formulada. O
cara sente essa necessidade de estar provando a todo o momento que sabe de
alguma sobre determinado assunto e está doido pra soltar o conhecimento (raso
por sinal) que adquiriu. Se por acaso a conversa não toma o rumo pretendido por
ele, o sabichão faz seu comentário impertinente de qualquer forma. Tente
questionar algo mais sobre o tema. Ele provavelmente não saberá, e se por
ventura o malandro foi esperto o suficiente e se preparou pra isso, cairá na
terceira ou quarta pergunta. Essa necessidade de afirmar-se decorre de outra
necessidade que o marmanjo tem. A de se sentir aprovado pela turma. Então
certamente ele solta essas e outras querendo agradar e pensando que todos estão
achando o máximo a sua exacerbada sabedoria e conhecimento profundo de nada. Logicamente,
um verdadeiro intelectual não sairia por aí dando uma de gostosão e forçando
ser engraçado. Muitos até nem sabem que ele se diverte aprendendo e que tem um
altíssimo grau cultural. É mais quieto e na dele, não busca elogios.
2 – Artificialidade
Por ser uma pessoa que sempre busca elogios por aparentar
ser algo que não é, uma de suas características mais marcantes é a
artificialidade. Se o cara vive por atrás de uma maquiagem tentando ser o rei
da cocada preta uma coisa é certa, natural é que ele não é. Esse é um ponto
chave que dá pra desmascarar alguns pseudointelectuais. Outros são mais bem
preparados, mas vamos ver se dá pra derrubá-los com os próximos tópicos. Certamente
alguém que conhece bem e de longa data essa pessoa, saberá facilmente se ela
está sendo artificial, mas para quem não tem tanta convivência é difícil
perceber isso de imediato. É coisa pra um bom tempo de relacionamento. O
recanto familiar vai ser o ambiente em que essa pessoa vai poder ser ela mesma,
a não ser que ela própria pense que seja um tipo de Sócrates ou um mega poeta pós-moderno.
Aí o cara vai estar enganando a si mesmo e vivendo em um escafandro.O dono de
inteligência simples e pura irá ser sempre o mesmo onde quer que seja sabendo
reconhecer seus erros e não se sentindo acanhado em perguntar algo que não
sabe.
3 – Uso de vocabulário rebuscado
Nesse tópico não estou me referindo a todo sujeito que
utilize palavras de difícil entendimento para a maioria das pessoas. Que isso
fique bem claro. Existem pessoas que conseguem fazer o uso dessas palavras soar
natural aos nossos ouvidos, por simplesmente ser um atributo intrínseco a elas.
São pessoas que realmente sabem o que estão falando e utilizam seu vocabulário
equilibradamente pra cada situação e ambiente.Em contrapartida, o
pseudointelectual aprende palavras aleatoriamente em alguma aula de filosofia
e, achando ter entendido seu significado, pensa que pode utilizá-las a seu
bel-prazer. E qual o intuito disso? Afirmar-se superior para conseguir
aprovação. Estão vendo que suas características se relacionam entre si? É como
se uma dependesse da outra. Creio que seja possível, porém muito difícil, um
falso intelectual não reunir todas essas características que estou citando
neste texto. Elas estão interligadas. Há uma frase em que Nietzsche define bem
essa questão e separa os que são e os que parecem ser profundos em
inteligência:
“Quem sabe que é profundo, busca a clareza; quem deseja
parecer profundo para a multidão, procura ser obscuro. Pois a multidão toma por
profundo aquilo cujo fundo não vê: ela é medrosa, hesita em entrar na água.”
4 – Superficialidade
É preciso dizer que também há aquele cara verdadeiramente
inteligente possuindo algumas dessas características e que é prepotente e
difícil de lidar, todavia, é inegável seu altíssimo conhecimento de deixar
qualquer um admirado. Talvez por ele ser convicto de sua intelectualidade,
chegue a pensar que é melhor que os outros. Os desse tipo também não são
pessoas bacanas de se relacionar.
Já a pessoa de quem estamos tratando nesse texto, é
conhecida por sua superficialidade, ou seja, não é nada profundo naquilo que
diz ser conhecedor (tudo). É como se o Mr. Sabedoria se focasse em decorar
conceitos e não se aprofundasse no assunto por considerar desnecessário para a
formação da sua imagem magnífica. Pra ele basta pesquisar umas coisinhas aqui e
ali e está feita a sua exibição do final de semana. Aí quando ele se depara com
pessoas que realmente dominam o assunto, a vergonha é feia. Não tem problema nenhum se você não sabe de alguma coisa,
afinal quem sabe de tudo? O problema é tentar aparentar conhecer aquilo que
nunca morou na sua cabeça. Isso é o que se torna irritante em uma pessoa desse
naipe. É tão bom discutir com amigos assuntos variados e aprender coisas que
você não sabia como também transmitir informação. Essa troca de conteúdo é de
extrema importância nas relações pessoais. Só que quando chega um bonitinho
tentando roubar a cena, onde nada lhe foi perguntado, citando algum pensador
famoso (depois te ter lido dois capítulos de uma obra do dito cujo), a conversa
começa a ficar chata.
Por isso, se você gosta de ler, gosta de estudar e aprender
coisas novas, evite ao máximo parecer um chato desses. Ninguém acha legal
alguém que gosta de aparecer, muito menos que tenta mostrar algo que não é.
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