O chefe da aviação civil da
Malásia afirmou nesta segunda-feira que a localização do avião da
companhia aérea Malaysia Airlines que desapareceu no Mar do Sul da China
no último sábado permanece um "mistério".
Segundo Azharuddin Abdul Rahman, as autoridades não descartaram que o sumiço esteja ligado a um eventual sequestro da aeronave.
Ele acrescentou que não houve confirmação de que destroços do avião foram vistos no sul da China.
O voo MH370, da Malaysia Airlines, com destino a
Pequim, na China, sumiu dos radares no último sábado, com 239 pessoas a
bordo, entre passageiros e tripulantes.
Familiares dos passageiros desaparecidos foram orientados a se preparar para o pior.
Rahman afirmou a jornalistas em Kuala Lumpur, na
Malásia que "infelizmente, não achamos nada que aparente ser objeto da
aeronave ou mesmo o próprio avião desaparecido".
Ele acrescentou que as autoridades do país vêm
intensificando os esforços para localizar a aeronave, e a busca vai
demorar "o tempo que for necessário".
"Nós estamos a toda hora, a todo segundo revistando cada pedaço do mar".
Mais cedo, helicópteros foram enviados ao sul do
Vietnã onde um objeto amarelo semelhante a um bote salva-vidas teria
sido avistado. Segundo autoridades do Vietnã, no entanto, o objeto era,
na verdade, a tampa de um carretel coberta de limo. Ainda não se sabe se
ele pertenceria ao avião.
Nove diferentes países, com 40 navios e 34 jatos, participam das operações de buscas nos mares do Vietnã e da Malásia.
A BBC preparou uma lista de perguntas e respostas sobre o que já se sabe sobre o episódio.
Quem estava a bordo?
Havia 227 passageiros a bordo, incluindo 153
chineses e 38 malaios. Dois deles eram crianças. Todos os 12 tripulantes
eram malaios.
Entre os cidadãos de origem chinesa, havia uma delegação de 19 artistas que tinha se apresentado em Kuala Lumpur.
Também já é sabido que dois passageiros do sexo
masculino estavam viajando com passaportes roubados de um austríaco e um
italiano.
Os documentos foram furtados na Tailândia, em
2012 e 2013, respectivamente, afirmou a Interpol, a polícia
internacional, em um comunicado. Os dois passageiros embarcariam para a
Europa após uma conexão em Pequim.
Quando o último contato foi feito?
O voo MH370 partiu do aeroporto internacional de
Kuala Lumpur às 00h41 hora local no último sábado (15h41 horário de
Brasília) e deveria pousar em Pequim às 6h30. Os controladores de
tráfego aéreo perderam o contato com o avião à 1h30.
Em um horário ainda não revelado, um parente
teria conseguido telefonar a um dos passageiros, que carregava um
celular de Cingapura. A Malaysia Airlines tentou por diversas vezes
ligar para o mesmo número mas a chamada não foi completada.
Em que lugar o avião desapareceu?
A aeronave desapareceu sob o Mar do Sul da
China, ao sul da península Ca Mau do Vietnã. Pelo itinerário normal, o
avião deveria seguir ao Camboja e ao Vietnã antes de entrar no espaço
aéreo chinês.
Nenhuma chamada de emergência ou mensagem foi
enviada à torre de controle, mas se acredita que o avião teria saído de
sua rota, talvez com destino ao Aeroporto Internacional de Kuala Lumpur.
Já foi achado algum vestígio do avião?
Equipes vêm realizando buscas nas águas ao leste
da Malásia, no Mar do Sul da China, nos estreitos de Malacca, assim
como a costa oeste da Malásia.
Não houve confirmação de que algum destroço
tenha sido confirmado embora um avião do Vietnã teria avistado dois
objetos que se assemelhavam ao que seriam restos da aeronave a 80
quilômetros ao sudoeste da ilha de Tho Chu.
Quais são as principais linhas de investigação?
Tragédias aéreas normalmente envolvem fenômenos climáticos, erros humanos ou problemas técnicos.
As condições meteorológicas, no entanto, eram
boas e o piloto, de 53 anos, tinha mais de 18 mil horas de experiência
de voo. Ele integrava os quadros da companhia desde 1981.
A Malaysia Airlines tem um bom histórico de
segurança e o jato, um Boeing 777-200ER, é considerado um dos mais
seguros por causa de sua moderna tecnologia.
Uma das pontas das asas da aeronave quebrou ao taxiar, em 2012, mas foi reparada e certificada como segura.
David Learmount, editor de segurança e de
operações do site Flight Global, especializado no setor aéreo, afirmou à
BBC News que “as aeronaves de hoje são incrivelmente confiáveis, o que
reduz muito o risco de que uma falha estrutural imediata aconteça
durante o voo. Simplesmente isso não acontece. Não acontece”.
O desaparecimento poderia estar ligado a um ataque terrorista?
A companhia aérea ainda não descartou nenhuma
linha de investigação enquanto autoridades dos Estados Unidos, que estão
enviando investigadores do FBI para o local, afirmam que não há
evidência de um ataque deste tipo.
A presença de dois passageiros com passaportes
roubados é claramente uma brecha na segurança, mas pode estar
relacionada à imigração ilegal.
Quando um avião da Air India com destino a Dubai
caiu na cidade de Mangalore, no sul da Índia, em 2010, matando as 158
pessoas a bordo, dez passaportes roubados foram descobertos.
Um avião moderno pode simplesmente desaparecer no ar sem deixar vestígio?
Sim. Foi o que aconteceu com o avião da Air
France que caiu no Oceano Atlântico em junho de 2009 que partiu do Rio
de Janeiro com destino a Paris, na França. Todas as 228 pessoas a bordo
morreram no acidente.
Os destroços foram descobertos no dia seguinte,
mas demorou praticamente dois anos para localizar as caixas pretas e os
restos da fuselagem, no fundo do oceano. As águas no Vietnã e nos
estreitos de Malacca são muito mais rasas.
Os registros de voz e dados do voo, ou "caixas
pretas" como são normalmente conhecidos, emitem sinais ultrassônicos que
podem ser detectados debaixo d’água. Sob boas condições, os sinais
podem ser detectados a quilômetros de distância.
Mas sem saber exatamente a trajetória que o
avião percorreu, as autoridades podem ter de ampliar a área de
abrangência das buscas por pequenos destroços, segundo uma reportagem
publicada pelo jornal americano Wall Street Journal.
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