Com um peculiar estilo de gestão batizado de Frog -- ou "From Goiás" -- e
a providencial ajuda do BNDES, a família Batista transformou a
JBS-Friboi na mais globalizada das empresas brasileiras e no segundo
maior grupo privado do país. Não é pouco. Mas, a história
recente da JBS é realmente de derrubar o queixo. A razão mais óbvia é a
incrível velocidade com que a empresa cresceu nos últimos cinco anos.
Em 2004, a JBS faturava 1,2 bilhão de dólares. De lá para cá, a empresa
quase dobrou de tamanho a cada ano, em média. Além disso, a JBS
representa um marco na história da economia brasileira. Nunca uma
empresa local mergulhou no mercado internacional como a JBS. A aventura
começou há quatro anos, quando o Friboi comprou as operações da Swift na
Argentina. Em 2007, a empresa deu seu mais ousado salto ao adquirir a
americana Swift e se tornar a maior processadora de carne bovina do
mundo. Muitos analistas julgaram que os Batista haviam dado um passo
maior que a perna e levariam anos digerindo a atrasada Swift. Não foi
bem assim. Em 2008, o Friboi comprou mais três empresas -- nos Estados
Unidos e na Austrália. Finalmente, as recentes aquisições da Pilgrim’s
Pride, segunda maior processadora de carne de frango dos Estados Unidos,
e do rival brasileiro Bertin -- anunciadas em 16 de setembro --
transformaram a JBS-Friboi na maior empresa do setor no mundo, à frente
até mesmo da gigante americana Tyson Foods. Agora, mais de 70% dos 51,7
bilhões de reais que a empresa fatura são gerados de sua filial nos
Estados Unidos. A rigor, a JBS é hoje uma empresa americana com sede no
Brasil. Por trás dessa história está a ambição
de três irmãos que largaram os estudos antes de completar o ensino médio
e se tornaram bilionários. O Friboi nasceu em 1953, quando o empresário
José Batista Sobrinho abriu o açougue Casa de Carne Mineira, em
Anápolis, Goiás. Hoje, o fundador ainda despacha na sede da JBS-Friboi
(o grupo foi rebatizado com as iniciais do empresário), mas o comando do
negócio passou para seus filhos. E, nas mãos dos irmãos Batista, o
frigorífico do pai se transformou no segundo maior grupo privado do
Brasil em faturamento, pouco atrás da Vale e à frente de Votorantim,
Gerdau e, bem, todo o resto. Joesley, de 36 anos, é o presidente da JBS e
comanda as operações no Brasil, na Argentina e na Itália. Quem conhece
de perto o Friboi responde quase sempre da mesma maneira ao descrever as
atribuições de Joesley: "Ele é o homem do dinheiro". Quando o Friboi
emitiu seus primeiros títulos de dívida, em 2006, Joesley era o único
dos irmãos que falava algum inglês. Acabou sendo escolhido para
participar das reuniões com investidores estrangeiros. No fim das
contas, assumiu as funções de financista e foi o responsável pela
pioneira abertura de capital do Friboi, em 2007. Apesar de ser o mais
novo dos três, Joesley gosta de exercer o papel de líder da empresa. Ele
expõe em sua sala os livros que mais o influenciaram (recentemente,
distribuiu aos mais próximos um livro que mexeu com sua cabeça: O Poder
da Confiança -- O Elemento Que Faz Toda Diferença, de Stephen Covey).
Wesley Batista, de 37 anos, é considerado aquele com mais vocação para
tocar a operação. É ele o especialista em tirar cada centavo de um boi
que entra no frigorífico -- do filé mignon ao pelo usado para fazer
pincéis. O primogênito, José Batista Júnior, de 47 anos, deixou a
presidência do grupo anos atrás e hoje se ocupa em forjar uma rede de
relacionamentos e de catapultar sua carreira política. Apelidado de
"Júnior Friboi" em Goiás, ele articula sua candidatura ao governo do
estado em 2010.
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